sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Nós e a noção de liberdade

Com os acontecimentos recentes em França, gerou-se uma onda de solidariedade e protesta em relação ao direito de liberdade de expressão. O acontecido é sem dúvida trágico e demonstra no meu ponto de vista e consciência uma falta de respeito pela vida humana. Mas... há sempre um "mas".

Se pensarmos bem, o conceito de liberdade é sempre relativo e isso acontece em relação a tudo, seja a nível político, religioso e até nos assuntos triviais do dia-a-dia.

A vontade do ser humano em relação a esta matéria acaba por ser a de impor a sua razão e as suas convicções independentemente do que o outro pensa, "eu estou certo" ou "isto é o mais correcto" e muitas vezes não aceitamos as diferenças do outro que também tem as suas razões e as suas convicções. E acabamos por assistir a uma hipocrisia partilhada.

Esta hipocrisia é necessária, senão acho que nem conseguíamos viver em sociedade, numa sociedade que procura que todos vivamos sob os mesmos direitos e deveres descurando a nossa natureza, eliminando os impulsos e concordando com regras que por vezes até não se identificam connosco. Então se calhar a nossa liberdade é mesmo limitada, e ainda bem, se formos agir como achamos que é melhor aconteceria muita desgraça por aí. Mas então vamos perceber um pouco o que significa liberdade...

Alguns defendem que "a liberdade possui um elemento de identificação com a natureza do "ser". Nesse sentido, ser livre significa agir de acordo com a sua natureza."

Outros dizem que, age com mais liberdade quem melhor compreende as alternativas que precedem à escolha. E aqui a informação é fundamental.

Há ainda quem defende que, todo o agir humano, bem como todos os fenómenos da natureza, até mesmo as suas leis, são níveis de vontade.

Segundo Sartre, a liberdade é absoluta ou não existe e recusa todo determinismo e mesmo qualquer forma de condicionamento. A liberdade humana revela-se na angústia. O homem angustia-se diante da sua condenação à liberdade. O homem só não é livre para não ser livre, está condenado a fazer escolhas e a responsabilidade das suas escolhas é tão opressiva, que surgem escapatórias através das atitudes e paradigmas de má-fé, onde o homem aliena-se da sua própria liberdade, mentindo para si mesmo através de condutas e ideologias que o isentem da responsabilidade sobre as próprias decisões.

Pecotche diz que a liberdade é prerrogativa natural do ser humano, já que nasce livre, embora não se dê conta até o momento em que a sua consciência o faz experimentar a necessidade de exercê-la, como único meio de realizar as suas funções primordiais de vida e o objectivo que cada um deve atingir como ser racional e espiritual.

Com isto, começo a perceber que liberdade e consciência caminham lado a lado, pois eu estou inserida num ambiente, no mundo, onde existo eu e existem os outros e a minha liberdade é minha, mas os outros também têm a sua. 

Ao analisar a natureza e liberdade de cada um dos lados, não saberia dizer qual está mais correcto ou errado. Apesar claro de não apoiar a violência e respeitar a vida humana e a liberdade de cada um.
Temos um lado em que a sua liberdade de expressão consiste em satirizar assuntos mais ou menos sérios através de caricaturas e criticas, que então por se manifestar como uma forma de arte é apoiada e temos o outro lado em que toda a cultura, as crenças e a natureza humana se baseia em determinadas convicções, e que se manifestou através da derradeira forma de imposição humana, um sobre o o outro.
Fiquei então com a seguinte questão na cabeça: Quem sou eu para catalogar moralmente quem tem razão?

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